O Banco Central através do seu comitê de política monetária
(COPOM) surpreendeu aos analistas de mercado com a decisão de elevar a taxa
básica de juros em 0,25% , além de ter sido a primeira elevação desde o mês de
abril desse ano, o acumulado de 11,25% já é a maior taxa de juros desde o fim
de 2011.
Usado como o principal instrumento de politica monetária para
diminuir o dinheiro em circulação e inibir a expansão do crédito, reduzindo a
demanda via consumo, uma vez que boa parte do consumo nacional é realizada
através de financiamentos, a elevação da taxa de juros provoca um encarecimento
do crédito, desestimulando assim, o consumo por parte das pessoas.
No entanto, assim como um remédio que busca curar ou atenuar
determina doença, a elevação da taxa de juros tem seus efeitos colaterais, que
podem implicar em danos muito maiores à economia do que a inflação em si.
Dentre os efeitos
colaterais podemos listar:
1. 1. Redução dos investimentos privados
2. 2. Aumento da divida publica interna
3. 3. Especulação financeira internacional
1. 1. A redução dos investimentos privados é de longe,
o mais indesejável efeito colateral, dado ao cenário de recessão da economia
brasileira. Juros altos comprometem a taxa de retorno de investimentos por
parte dos empresários e consequentemente, provoca o engavetamento de projetos de ampliação da
capacidade produtiva, agravando ainda mais, o cenário recessivo atual da
economia.
2. 2. O Governo paga uma rentabilidade pelos títulos públicos
que vende no mercado para se auto financiar, tendo como referencia a taxa básica
SELIC, assim quando a taxa sobe, o custo
de rolagem da divida publica também sobe. Para se ter ideia, a divida atual
gira em torno de R$ 2 trilhões, cada aumento de 1% da taxa básica de juros
provoca um aumento espantoso de R$ 20 bilhões – sim isso que dizer que esse
aumento de 0,25% implica num aumento de R$ 2,5 bilhões na dívida publica
brasileira.Isso significa que nos fim das contas
sobrará menos dinheiro para gastar em gastos sociais ou mesmo em investimentos,
agravando ainda mais o cenário recessivo.
3. 3. Juros altos em relação às taxas de outros países
estimulam a entrada de capital especulativo, que é aquele capital que procura
obter vantagens em curto prazo e em determinadas situações, que no fim das
contas não acrescenta em nada para o beneficio da economia.
Para além desses efeitos colaterais pesados,
é preciso notar que a inflação atual brasileira ( 6,75% acumulada) é uma inflação
resiliente, porque tem outras causas, tais como os gastos do governo e o cenário econômico
adverso.
Destarte, o aumento da taxa de juros não pode simplesmente
ser uma decisão automática em resposta as pressões inflacionárias haja vista, que os efeitos colaterais
são bem mais onerosos a economia do que a certeza da controle da inflação via
aumento da taxa de juros.
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