quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Elevação da taxa de juros e seus efeitos colaterais


O Banco Central através do seu comitê de política monetária (COPOM) surpreendeu aos analistas de mercado com a decisão de elevar a taxa básica de juros em 0,25% , além de ter sido a primeira elevação desde o mês de abril desse ano, o acumulado de 11,25% já é a maior taxa de juros desde o fim de 2011.

Usado como o principal instrumento de politica monetária para diminuir o dinheiro em circulação e inibir a expansão do crédito, reduzindo a demanda via consumo, uma vez que boa parte do consumo nacional é realizada através de financiamentos, a elevação da taxa de juros provoca um encarecimento do crédito, desestimulando assim, o consumo por parte das pessoas.

No entanto, assim como um remédio que busca curar ou atenuar determina doença, a elevação da taxa de juros tem seus efeitos colaterais, que podem implicar em danos muito maiores à economia do que a inflação em si.

 Dentre os efeitos colaterais podemos listar:

1.      1.   Redução dos investimentos privados
2.      2.   Aumento da divida publica interna
3.      3. Especulação financeira internacional

1.   1.    A redução dos investimentos privados é de longe, o mais indesejável efeito colateral, dado ao cenário de recessão da economia brasileira. Juros altos comprometem a taxa de retorno de investimentos por parte dos empresários e consequentemente, provoca  o engavetamento de projetos de ampliação da capacidade produtiva, agravando ainda mais, o cenário recessivo atual da economia.

2.    2.   O Governo paga uma rentabilidade pelos títulos públicos que vende no mercado para se auto financiar, tendo como referencia a taxa básica SELIC, assim quando  a taxa sobe, o custo de rolagem da divida publica também sobe. Para se ter ideia, a divida atual gira em torno de R$ 2 trilhões, cada aumento de 1% da taxa básica de juros provoca um aumento espantoso de R$ 20 bilhões – sim isso que dizer que esse aumento de 0,25% implica num aumento de R$ 2,5 bilhões na dívida publica brasileira.Isso significa que nos fim das contas sobrará menos dinheiro para gastar em gastos sociais ou mesmo em investimentos, agravando ainda mais o cenário recessivo.

3.      3. Juros altos em relação às taxas de outros países estimulam a entrada de capital especulativo, que é aquele capital que procura obter vantagens em curto prazo e em determinadas situações, que no fim das contas não acrescenta em nada para o beneficio da economia.

Para além desses efeitos colaterais pesados, é preciso notar que a inflação atual brasileira ( 6,75% acumulada) é uma inflação resiliente, porque tem outras causas, tais como os gastos do governo e o cenário econômico adverso.


Destarte, o aumento da taxa de juros não pode simplesmente ser uma decisão automática em resposta as pressões inflacionárias  haja vista,  que os efeitos colaterais são bem mais onerosos a economia do que a certeza da controle da inflação via aumento da taxa de juros.


Nenhum comentário:

Postar um comentário