quarta-feira, 11 de março de 2009

O Dia D

Em palestra recente, Mário Tóros, diretor de política monetária do BC, apresentou um levantamento realizado sobre o comportamento da produção industrial e a inflação em 13 países desenvolvidos e emergentes a partir de Setembro de 2008. A regra geral foi a forte contração na produção industrial, mas nem todas as economias tiveram queda proporcional da inflação. Percebe-se no estudo concretizado que os EUA, por exemplo, obtivera queda na produção industrial de 10% em Dezembro, quando comparado ao mesmo mês do ano anterior e a inflação acumulada em 12 meses passou de 4,9% para ZERO entre Setembro e Janeiro, ou seja, é perceptível a reação rápida dos preços.

Em relação ao Brasil, apesar da forte desaceleração econômica, a redução da inflação não se deu de uma forma expressiva. A conclusão apresentada por Tóros foi que a principal diferença entre um grupo de países e outro é a flexibilidade de preços. Países com preços mais flexíveis, como os EUA, respondem mais rapidamente à desaceleração econômica. Em países com preços mais rígidos, caso do Brasil, os preços demoram mais para cair.

“A apresentação feita por Tóros faz parte de um esforço feito pela diretoria colegiada do BC para mostrar que, na crise mundial, as economias não apresentam um padrão único – por isso as respostas de política econômica, sobretudo medidas monetárias, não devem ter necessariamente mesma direção e intensidade.”

Então, pode-se concluir que no Brasil ainda há uma grande persistência inflacionária, logo não podemos esquecer-nos de alertar para o risco de repasse da depreciação cambial para a inflação.

A apresentação deste estudo na semana que antecede a reunião do COPOM, dado a característica conservadora do BC, poderia vir a comprometer na dosagem da redução da taxa SELIC. Sabe-se que o objetivo principal da política monetária deve ser a obtenção e a manutenção da estabilidade de preços, em que a estratégia principal é antecipar-se a quaisquer pressões inflacionárias futuras, até aqui tudo bem. Mas, outras variáveis importantes como nível de atividade, economia internacional, mercado monetário, dentre outros, convergem para uma situação desfavorável abrindo espaço para uma redução significativa da taxa SELIC. É verdade que o BC está preocupado com a lenta queda da inflação, mas isso não será empecilho para uma redução mais elevada da SELIC, afinal a pressão externa é notória.

A reunião do COPOM teve início na tarde de ontem deverá na tarde de hoje divulgar o novo valor da SELIC. O encontro acontece sob um clima pesado, e como já mencionado acima vários fatores aumentam as pressões sobre o comitê. Em suma a indústria não se recuperou em Janeiro com a determinação imaginada; os estímulos até agora dados pelo governo não têm produzido resultados muito positivos; a reunião anterior do COPOM ocorreu antes da posse de Obama, ou seja, o governo brasileiro depositava no plano de Obama esperança de rápida resolução da crise, o que até agora não veio. A maioria dos analistas de mercado defendem um corte percentual de 1 ponto na SELIC, mas diante dos resultados da estimativa do PIB, Inflação divulgados no relatório Focus desta semana, além do resultado do quarto trimestre de 2008 divulgado nesta Segunda, tem economista mais ousado acreditando numa redução de 2 pontos.

6 comentários:

  1. A gente teve de um lado o setor industrial parando as máquinas, louco para desafogar o estoque e fazer caixa, e do outro a diminuição do consumo, seja pelo desemprego ou pelo medo de comprar.

    Tivemos muita oferta, pouca demanda e mesmo assim a inflação cresceu. O desafio agora é incentivar o consumo, seja por medidas práticas, como o corte dos juros, ou ideologicas, como foram as palavras do Lula antes do natal.

    O certo é que o o discurso positivo de Lula precisa tomar um banho de realidade. Não dá mais para tratar a crise como algo alheio a gente. Fomos fortemente afetados e tudo indica que entraremos em recessão.

    Um abraço

    www.opatifundio.com

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  2. meus tios precisam saber que esse blog existe

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  3. Nobre Artur,

    Não será que ainda é o velho9 mal da inbflacao inercial da década de 80?

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  4. Olá! Esse blog é muito interessante, principalmente pra mim que agora estou estudando Economia e Mercado!
    Muto bons os posts!

    Aproveito para te convidar a votar no blog "Mania de Escrever" que está na final do concurso OnBlog 2009. É só entrar em http://onblog.zip.net/ e participar da enquete. Agradeço sua colaboração!

    Boa semana!

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  5. Grande MarcKeynes,
    A tal da "indexação" ou Inflação Inercial Formal seria a razão de os índices ainda permanecerem minuciosamente elevados, mas apesar de a inflação não ter caído na mesma proporção de outros países, pode-se visualizar já nestes dias uma expectativa futura pra inflação abaixo da meta, o que fornece espaço para o Bacen continuar reduzindo a Selic nos demais encontros do Copom.

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  6. Querido amigo avassalador...
    fala-se muito da desacelaração da produção industrial... mas na calada da noite acordos para demissão em massa no setor financeiro/serviços vem sendo acertados...
    O sindicato dos Bancarios assinará um ACORDÃO com O grupo SANTANDER para "beneficiar" a demissão voluntaria de Pré-aposentados. Enquanto isso, outros diariamente pegam o bonde para a fila do seguro desemprego....
    Onde estão estes numeros nas estatisticas da desacelaração da economia?
    Onde estas pessoas serão absorvidas como mão de obra?

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