segunda-feira, 2 de março de 2009

“Buy American” e o Brasil?

No recente pacote de estímulo à Economia Americana, elaborado pelo Governo Obama e aprovado pelo congresso,consta uma polêmica cláusula chamada Buy American (compre América) que restringe o fornecimento de insumos da siderurgia como o aço, ferro e outras manufaturas para obras públicas apenas a empresas nacionais ou de países com os quais os EUA possuam acordos comerciais específicos como o Canadá, México e a Europa.

A idéia é criar empregos dentro do país e reaquecer os setores em questão, o problema é que países como o Brasil, China, Índia e Rússia que não possuem acordos específicos terão suas exportações afetadas caso a referida cláusula não seja modificada.

No caso do Brasil, que tem produtos siderúrgicos e as manufaturas como os principais componentes da pauta de exportação para o EUA essa cláusula poderá acarretar um eventual descompasso na nossa balança comercial (registro das exportações e importações) além de poder provocar uma crise ao setor, que já vem sofrendo com a redução da demanda global motivada pela crise econômica.

Para se ter idéia, do total exportado em 2008, 20% foram destinados para o mercado americano, segundo os dados da IBS- Instituto Brasileiro de Siderurgia, o que evidencia uma certa relevância do mercado americano para o setor.

Ressalte-se, ainda, que o setor siderúrgico tem importância estratégica em nossa economia pois além de ser fornecedor de insumos para produtos industriais e da construção civil possui elevado estoque de emprego, e medidas como estas, podem acelerar, ainda mais, as demissões em massa que já estão ocorrendo no setor.

Resta agora, esperamos as medidas que o Governo tomará, face a essa medida protecionista do Governo Obama. Uma das que vem sendo cogitadas é a possível contestação junto a OMC-Organização Mundial de Comércio, esperamos que ocorra o mais breve possível e tenha êxito, caso contrário, teremos que criar o nosso “BUY BRASIL”.

3 comentários:

  1. É interessante como certas ideias como o Protecionismo estão retornando à pauta de ministros em períodos em que a Abertura Comercial parecia exercer domínio. Cabe analisar a viabilidade e eficiência no curto prazo de algumas medidas protecionistas impostas por alguns países diante do objetivo de amenizar a recessão.

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  2. Eles pecam em pensar que diante de uma crise sistêmica global como esta.. medidas protecionistas irão ajudar suas economias... na verdade vai desencadear uma onda de protecionismo... pois os outros tendem a fazer retaliações entre si... no final os paises com pauta de exportação pouco difersificada serão os que irão sofrer mais... Sds!

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  3. Pois é, esta crise ao invés de estar sendo vista como uma grande oportunidade para um salto qualitativo com relação à governança global, está sendo conduzida precariamente e de forma reacionária. Estão quase todos, da esfera civil à esfera política olhando pra trás e não para frente. Houve um bom momento no que diz respeito às políticas monetárias, com os bancos centrais de vários países agindo em sintonia, mas parou por aí. No que diz respeito às políticas do setor produtivo, está cada um por si, gerando então esse protecionismo que no final vai em direção ao acirramento entre os países. Isso inclusive com possíveis conseqüências nefastas para o crescimento mundial. Nesse momento é que é extremamente justo recordar o velho Marx em seu caráter internacionalista: "Marx não regressará à esquerda até que a tendência atual entre os ativistas radicais de converter o anti-capitalismo em anti-globalização seja abandonada. A globalização existe e, salvo um colapso da sociedade humana, é irreversível. Marx reconheceu isso como um fato e, como um internacionalista, deu as boas vindas, teoricamente. O que ele criticou e o que nós devemos criticar é o tipo de globalização produzida pelo capitalismo." Já que esta globalização que está aí não serve, qual a que serve então? Penso que começar pela compreensão da necessidade indispensável de estender o sistema político a nível internacional, com todas as suas conseqüências é o primeiro passo para que seja possível uma globalização não comandada pelas forças cegas do capital e sua inexoráveis crises cíclicas.

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