quinta-feira, 1 de outubro de 2009

"Real dispara com previsão de ingresso de US$ 25 bi"

Valor Econômico (por Claudia Safatle, Luiz Sérgio Guimarães e Cristiane Perini Lucchesi, de Brasília e São Paulo01/10/2009).
Se esse volume de recursos chegar ao país, as reservas internacionais poderão chegar a US$ 250 bilhões

O dólar atingiu ontem a menor cotação em um ano, R$ 1,77, e está sendo empurrado para baixo pela expectativa de ingresso de até US$ 25 bilhões em emissões de IPOs (oferta pública inicial de ações) e captações externas ainda em 2009. Se esse volume de recursos chegar ao país, as reservas internacionais poderão chegar a US$ 250 bilhões.

Técnicos da Fazenda e do Banco Central trabalham com um intervalo entre US$ 15 bilhões e US$ 25 bilhões em emissões no mercado internacional e veem nesta cifra a principal fonte de pressão pela valorização do real.

O fluxo cambial começou a refletir essa tendência e sofreu uma guinada radical na quarta semana de setembro. Até o dia 18, estava negativo em US$ 978 milhões e na semana seguinte, de 21 a 25, houve ingresso líquido de US$ 2,038 bilhões. A responsável pela virada foi a conta financeira, que nesse ritmo irá zerar o déficit acumulado no ano e exercer mais uma pressão de baixa sobre o câmbio.

O fluxo cambial positivo em US$ 1,06 bilhão até dia 25 não é suficiente para explicar a movimentação da moeda americana. As intervenções do BC retiraram US$ 3,24 bilhões do mercado e o movimento de câmbio líquido foi, na realidade, negativo em US$ 2,18 bilhões. "O determinante da taxa não está se dando no mercado spot, mas no de derivativos", observou um técnico do governo. A valorização vem mais de fatores domésticos do que da desvalorização do dólar no mercado externo.

A emissão de US$ 1,25 bilhão em títulos da dívida externa, com demanda de mais de US$ 5,7 bilhões e rendimentos em recorde histórico de baixa, abre espaço para empresas e bancos brasileiros emitirem papéis de prazo mais longo, contribuindo para uma nova rodada de valorização do real.

Em setembro, o governo, empresas e bancos brasileiros captaram um total de US$ 5,215 bilhões com empréstimos sindicalizados e bônus no mercado externo, o maior valor desde outubro de 2007. O Banco do Brasil deve lançar papéis perpétuos e o mercado também espera captação da Telemar. Ontem, a Embraer iniciou a colocação de US$ 500 milhões em títulos.

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